A América Latina cria empresas gigantes em meio a obstáculos

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Como anda o mercado da América Latina?

Em um panorama geral do nosso continente, o Brasil, grande potência por aqui, se destaca.

Quando falamos sobre o mercado brasileiro, fica evidente que ter sucesso no país significa, de fato, alcançar um patamar acima da média dos vizinhos.

Mais do que o tamanho do território e da população, ambos entre os maiores do mundo, é a dinâmica e a estrutura do nosso mercado que fazem a diferença.

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Os principais desafios e oportunidades da América Latina
Na América Latina, as empresas enfrentam três grandes obstáculos: crédito, profissionais qualificados e, o pior de todos, a enorme burocracia.

Superá-los cria um “moat” — conceito criado por Warren Buffet que diz respeito às vantagens competitivas — que coloca essas empresas em posição vantajosa em comparação com outros mercados.

Ao observar reports e artigos sobre o tema, dá para notar que o Brasil e no México, por exemplo, têm companhias dos setores bancário, de seguros, de telecomunicações e de óleo & gás que apresentam retorno sobre patrimônio (ROE) e retorno sobre capital investido (ROIC) superiores aos das empresas americanas nesses mesmos nichos.

Ou seja, nada de síndrome de vira-lata; a estrutura de mercado LATAM muitas vezes é tão ou mais relevante que o próprio tamanho da economia local para a criação de grandes negócios.

Mas nem tudo são flores, e temos uma região marcada como uma das mais desiguais do globo, o que reflete em questões sociais e econômicas.

Quando olhamos para o PIB, 10% da população possui renda de países ricos, enquanto 25% sobrevive em situação semelhante à de nações da África. Sabemos bem que no Brasil 1% das pessoas concentra quase 20% do nosso Produto Interno Bruto.

Tamanha desigualdade impacta diretamente no mercado, porque cria-se um conflito de interesse, no qual há investimentos sofisticados para classes altas, enquanto a população menos abastada está envolvida em jogos e apostas que dificultam o progresso econômico.

Mas, dificuldades sempre significam oportunidades, e os principais países da América latina vêm conseguindo se posicionar com destaque no planeta, especialmente no ramo de tecnologia.

As barreiras latino-americanas dão casca para as empresas que desenvolvem vantagem competitiva e ainda vão além ao criar um cenário de possibilidades para empresas que conseguem inovar e se adaptar.

Vou seguir com o assunto nos próximos tópicos. Antes de encerrar este, porém, vou dar aqui a fonte que usei como referência para o conteúdo: o Latin America Digital Report, produzido pelo fundo Atlantico.

Como as empresas da América Latina vêm usando a IA?
Que a IA está em todos os lugares nós já sabemos. Mas como exatamente as empresas vêm aplicando a Inteligência Artificial nas operações na América Latina?

Aqui na região, existe uma particularidade: nós ainda somos mais consumidores do que produtores de tecnologia.

Isso significa que, enquanto empresas globais lideram no desenvolvimento de modelos avançados, nossos fundadores e executivos focam em como usar a IA para melhorar produtos, processos e serviços.

Podemos classificar as nossas startups em dois grupos principais:

-> AI-enabled: usam AI como uma ferramenta para otimizar operações.
-> AI-centric: colocam a AI como o centro de seus negócios e produtos.

Dados da Latitud mostram que 40% dos founders LATAM fizeram da Inteligência Artificial uma parte central de seus negócios, enquanto a maioria utiliza a tecnologia para ganhos operacionais, como:

-Engenharia de software (82%)
-Criação de conteúdo (66%)
-Atendimento ao cliente (58%)
-Processos de vendas (40%)

Por outro lado, áreas como logística (5%), finanças (23%) e recursos humanos (8%) ainda apresentam baixa adoção.

Essa realidade reflete a capacidade da IA de potencializar as operações, mesmo que a base tecnológica continue vindo de fora do continente.

Com mais agilidade nos processos de eficiência operacional, conseguimos abrir mais espaço para soluções criativas e maior competitividade no mercado.

E você, como tem explorado o potencial da AI na sua área de atuação?

Como o brasil tem usado as redes sociais? E o WhatsApp?
A gente sabe muito bem que estamos conectados nessas plataformas o tempo todo, mas vamos conversar um pouquinho sobre isso?

As estimativas mostram que nós brasileiros gastamos quase quatro horas por dia com conteúdos de social media.

Isso significa meio dia de trabalho, ou metade das horas que precisamos dormir.

É bastante coisa!

Por conta desse comportamento, estamos no topo da lista mundial quando o assunto é consumir e ser influenciado dentro das redes.

Em um cenário assim, naturalmente gastamos mais com propagandas e influenciadores, em um percentual que chega a ser o dobro do norte-americano, por exemplo.

Para termos uma ideia do tamanho do mercado que estamos falando, registramos em 2022 mais de 20 milhões de produtos digitais. Entram aí as mentorias, os ebooks, videoaulas, entre tantos outros.

Os brasileiros monetizam por meio das próprias propagandas e também desses produtos.

E o WhatsApp?

92% da nossa população usa o app e 90% das empresas por aqui se comunicam com clientes por meio dele.

Somos tão importantes nesse sentido que 40% da receita do Meta com o WhatsApp para business vem do brasil.

Com esses recortes, não resta dúvidas que somos um mercado extremamente importante para as big techs que controlam as redes, não é mesmo?

Tem muita oportunidade na mesa!

Está mais fácil contratar?
Quais as expectativas dos altos executivos para o mercado nos próximos anos?

Mesmo com avanços e novidades tecnológicas, o sentimento entre fundadores e investidores ainda é de cautela para os próximos anos na América Latina.

Quando perguntados pela Atlantico sobre as expectativas para 2025 e 2026, a nota média subiu de 5,3 para 6,3 em relação a sensação em 2023 – um leve progresso, mas ainda longe de ser animador.

Além disso, outro ponto tem chamado atenção: o comportamento dos colaboradores em relação a salários e benefícios de remuneração.

Hoje, há uma tendência de priorizar salários maiores em detrimento do equity. Essa mudança pode refletir frustrações dos últimos anos, quando promessas de valorização não se concretizaram como esperado.

Embora compreensível, esse cenário impacta diretamente no senso de sociedades e no espírito de “ownership” dentro das startups, algo essencial para o sucesso em mercados tão competitivos.

No entanto, a percepção sobre recrutamento mostra que atrair talentos não tem sido tão desafiador:

-> 12% dos fundadores afirmam que ficou muito mais fácil contratar.
-> 35% acham que ficou mais fácil.
-> Para 46%, a dificuldade é a mesma.

O que precisamos fazer? Reconciliar expectativas financeiras com a criação de uma cultura forte, na qual colaboradores se sintam parte do futuro da empresa — e não apenas do presente.

*Este tópico do texto tem como base a análise da newsletter Sunday Drops, que repercutiu o Latim América Digital Report 2024.

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