A inteligência artificial generativa, embora ainda precise de certo aprimoramento, já está completamente inserida no dia a dia de profissionais que pedem ajuda nos quesitos criatividade e agilidade, como diretores de arte, designers e redatores, por exemplo.
A novidade agora é que há recursos chegando também para ajudar as equipes comerciais, que tanto aguardam por melhores ferramentas na linha de frente da prospecção e do relacionamento com o cliente.
Inteligência Artificial para vendedores
Ser vendedor, especialmente quando se trata de representantes de grandes empresas do mercado B2B, envolve uma mescla de glamour com trabalho mais, digamos, enfadonho.
Se no primeiro caso, do glamour, as tarefas são mais prazerosas e ainda dependem de presença física (almoços, reuniões, encontros especiais, etc…), o segundo, da jornada mais penosa, está com os dias contados justamente pela iminente ajuda da tecnologia.
Novos softwares vêm sendo apresentados para a geração automática de respostas por IA para as tradicionais RFPs (solicitações de propostas), aquela troca custosa de emails e mensagens com potenciais clientes para oferecer serviços, mostrar valor e construir as primeiras bases do relacionamento.
Ao ler um artigo no site da Wired, vi dois exemplos citados por eles de gigantes da tecnologia que já disponibilizam recursos do tipo: Twilio e Google. Vou resumir abaixo o que cada uma delas tem feito.
Twilio
A empresa anunciou, em abril do ano passado, o RFP Genie como uma ferramenta generativa de IA que analisa uma solicitação de proposta, faz uma minuciosa procura em arquivos internos da companhia para buscar informações relevantes para aquela conversa e, por fim, utiliza o Chat GPT para gerar respostas satisfatórias. Cabe à equipe comercial apenas fazer alguns ajustes de acabamento para a comunicação final.
De acordo com os relatórios de performance, os funcionários agora levam apenas minutos para executar as mesmas demandas que tomavam cerca de duas semanas. A economia de tempo permite aos profissionais focarem em soluções mais complexas para o negócio e não significa que haverá cortes ou demissões no time.
Os cálculos do Google projetam ganhos de dezenas de milhares de horas por ano para os vendedores da sua equipe com a própria ferramenta criada para responder às RFPs, principalmente em dúvidas mais rasas e básicas sobre os serviços, como questões técnicas da nuvem e de outras ferramentas.
E, apesar desse enorme volume de economia de esforços, a empresa também não anda planejando demissões, o que gera um contraponto aos mais receosos em perder o emprego por conta dos avanços da tecnologia.
Outros players
Além de Twilio e Google, EssenceMediacom e DataRobot são outros casos de empresas entre as muitas que vêm desenvolvendo softwares de bots RFPs na mesma linha, e é certo que, em breve, o mercado estará cheio deles para facilitar as respostas nas vendas e, consequentemente, aumentar as conversões.
A importância do fator humano na IA Generativa
Esses softwares já mostram que a inteligência artificial generativa chegou de vez aos departamentos comerciais, com alta relevância na colaboração com os vendedores em tarefas mais burocráticas, como, por exemplo, responder às muitas RFPs, como já mencionei.
Com recursos que agilizam bastante o trabalho e geram mais produtividade para as empresas nos setores de vendas, contudo, vêm também alguns pontos de atenção e cuidados que líderes e gestores devem ter com a nova rotina.
É preciso saber pilotar as ferramentas
A tecnologia vem para facilitar e otimizar tempo e tarefas, mas de nada serve se não houver bons colaboradores no “comando da nave”.
Para conseguir extrair o máximo dos softwares de modelos de linguagem e geradores de respostas desenvolvidos pelas empresas, o fator humano é imprescindível, já que são as pessoas que vão conduzir essas ferramentas no dia a dia para que as demandas sejam geradas, inclusive com um papel de revisão e ajustes finais.
O RFP Genie da Twilio, recurso próprio da companhia que eu já citei no texto, é capaz de “mastigar” a maior parte do trabalho ao ter uma integração com o ChatGPT da OpenAI, mas as respostas ainda passam por aprovação e acabamento dos vendedores humanos antes de serem enviadas aos prospects via email, aplicativos e outros canais de relacionamento.
Além da atuação no pós-geração de textos, ainda é fundamental que as pessoas que estão pilotando saibam fazer as perguntas certas, conduzindo os robôs de modo eficaz para resultados satisfatórios e que de fato ajudem na agilidade dos serviços.
Feedback e aprimoramento
O Genie, assim como os softwares do mesmo tipo em outras grandes empresas, é novo e precisa de atualizações e aprimoramentos constantes. E é nessa etapa que o feedback humano é vital; são os colaboradores que vão alimentando e levando devolutivas à máquina para que ela traga respostas mais assertivas ao longo do tempo, com um melhor rastreamento da base de informação e, inclusive, capacidade de eventuais personalizações da comunicação a depender de cada cliente.
Esses feedbacks podem ser entregues de formas diferentes, a depender da ferramenta. No caso da Twilio, são justamente as revisões finais que vão gerando aprendizado a cada mensagem registrada no sistema.
Priorizar o que mais importa
Com um software realizando as funções mais burocráticas e mecânicas na empresa, sobra tempo para que os colaboradores se dediquem às tarefas mais importantes na escala de prioridades, focando em desenvolvimento estratégico e tático para que o negócio crie mais soluções para expansão.
E isso vale tanto para o âmbito de grandes empresas, que já têm equipes maiores e podem realocar os esforços, ou mesmo para as pequenas, que conseguem escalar processos à base da tecnologia, dar mais tempo aos poucos funcionários e, com isso, atingir um estágio de crescimento antes inviável.
IA Generativa é um boost para o marketing
Para além dos setores de vendas, as discussões em torno dos cada vez mais impressionantes avanços da IA Generativa, muitas vezes, ficam restritas às especulações do quanto de trabalho humano esses recursos vão “roubar”, mas o foco deve estar nas oportunidades sem precedentes que eles trazem para potencializar ainda mais as nossas capacidades.
Poucas áreas têm se beneficiado tanto da IA como o marketing, que tem se sobressaído nos resultados ao fazer bom uso das ferramentas, com operações que já vêm aumentando consideravelmente a produtividade sem deixar cair o nível da qualidade.
Os sistemas LLM de IA generativa, que utilizam o aprendizado da máquina para aprimorar os modelos de linguagem, são, em última análise, muito mais bem-vindos no papel de aliados do que detratores, e é sobre três frentes de atuação deles que quero tratar.
Textos + imagem
Peças publicitárias envolvem a criação de textos e imagens. Em relação a essa produção, softwares de Inteligência Artificial para redação já estão bem difundidos no mercado, como os mais populares Chat GPT, da Open IA, e Bard, do Google.
Muito mais do que simplesmente gerar conteúdo de valor e ágil, ambos, nas versões pagas mais complexas, ainda proporcionam integrações para que as companhias criem seus próprios recursos integrados a eles, como vem fazendo justamente a Twilio com o Genie RFP.
No quesito imagem, os principais players atualmente são o DALL-E, mais um da Open IA, e o Midjourney, que conseguem criar artes incríveis com base em descrições textuais para tal.
Briefing
Se redatores e diretores de arte já estão surfando a onda da IA generativa, os próximos beneficiados serão os responsáveis por briefings, que, da mesma forma, poderão unir textos e imagens para solicitações mais bem feitas, organizadas e assertivas de demandas para agências e fornecedores, com a criação de prompts e um maior nível de detalhes nos pedidos.
Traduções
Outro passo importante da IA generativa é em direção às traduções simultâneas, com ferramentas chegando para facilitar a globalização de determinadas marcas e produtos. Com a possibilidade de ter texto, imagem e, principalmente, vídeo com réplicas em dez ou mais idiomas, os próximos anos vão presenciar comunidades globais de serviços e empresas, com um grande boost para quem souber aproveitá-los.
Conclusão
Os três tópicos acima — uns mais consolidados e outros aterrissando — são apenas alguns exemplos de ferramentas tecnológicas que auxiliarão no aumento de produtividade para o marketing.
Saber ao certo quais novos recursos vão surgir em breve é um trabalho minucioso de análise e previsão que depende de alguns fatores, como investimento, tendências e outras características do mercado.
O que é possível afirmar, com toda a certeza, é que daqui em diante não existirá mais departamentos na área sem que a IA esteja presente, de uma forma ou de outra.
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